Nesses últimos dias eu andei pensando bastante em um assunto
que já não vinha em minha mente a um bom tempo, a biologia, para ser mais exato
me refiro à fisiologia humana. Certamente esse não é um assunto que me encanta
tanto, todas aquelas funcionalidades e doenças que éramos obrigados a estudar
no ensino médio meio que criaram certa repulsão a essa área em mim, mas
praticamente boa parte da minha família esteve envolvida nesse ramo e quando eu
era criança acabava por hora ou outra acompanhar meu pai em seu serviço e tinha
pequenas aulas de como o corpo humano funcionava e mesmo não gostando muito do
assunto era sempre fascinante entender como tudo estava conectado.
O mais incrível
era descobrir que não só os órgãos dependiam uns dos outros para um bom
funcionamento, mas que até as células eram envolvidas no processo e que com o
menor distúrbio todo o organismo sofria uma mudança que poderia colocar a saúde
do individuo em risco. As memorias do dia em que meu pai explicava isso para
mim enquanto preparava a amostra de uma biopsia de pele surgiram durante um
evento cultural que ocorreu na faculdade em que eu estudo popularmente chamado
de vem pra UFU, onde cada curso monta pequenas barracas para se apresentarem
para os futuros vestibulandos e o mais estranho foi que esses pensamentos não surgiram
quando eu visitei as barracas da área de saúde, mas sim enquanto eu via um
desenho do rosto de Durkheim pregado na barraca do curso de filosofia, a imagem
fazia alusão à sociedade orgânica, a qual apresenta uma maior dependência das
atividades dos indivíduos que a compõe, fazendo uma ligação ao conceito de
organismo vivo.
Agora,
se você já acompanha os textos que venho postando nesse blog voltado para o
debate da inovação uma duvida deve ter pairado em sua cabeça mais uma vez, onde
a inovação se encaixa nesse texto? A resposta é bastante simples quando eu
coloco em foco o assunto que eu desejo aborda, o nosso Sistema Nacional de Inovação
ou se você preferir SNI, esse assim como um organismo vivo é sustentado por inúmeras
integralizações, sendo a do SNI as instituições dos setores públicos e
privados, as quais contem agências de fomento e financiamento, instituições
financeiras, empresas públicas e privadas, instituições de ensino e pesquisa
dentre outras inúmeras organizações, essa relação de dependência gera como
produto os avanços tecnológicos, isso por fazer uso da inovação e a
aprendizagem como catalizador principal dessa receita.
Além
dessa noção básica é de estrema importância ter o conhecimento de que tal
sistema é moldado através do planejamento que o país realiza visando o seu
crescimento por meio da elaboração de ações voltadas para a criação de novas
tecnologias, sendo que isso só é possível graças à relação orgânica
estabelecida entre o setor público e pelo setor privado. Porém, mesmo que tal
processo auxilie no desenvolvimento nacional o Brasil faz parte de um grupo de
países que não apresentam um Sistema Nacional de Inovação completo, ou
popularmente nomeado de maduro, isso se torna preocupante pelo fato de que o
SNI é um medidor da riqueza das nações, ou seja, uma correlação entre renda per
capita e os indicadores de produção científica e tecnológica.
Após
compreender esse ponto de estrema relevância peguei-me indagando o motivo de
não sermos ainda considerados maduros e isso me levou os três principais
pilares que constituem nosso sistema, as Universidade e instituições de
pesquisas que desempenham o papel de um ferreiro, criando, pesquisando e disseminando
o conhecimento de suas forjas; As empresas que quase desempenha o papel de um
joalheiro, auxiliando no refinamento de um minério bruto ate que esse vire uma
joia, isso através do investimento na transformação do conhecimento em produto;
E por fim o Estado, esse cria as estradas das jornadas da inovação aplicando e
fomentar políticas públicas de ciência e tecnologia que permitam o seu
desenvolvimento. Dito isso, em minha visão o grande empecilho que não permite
que o nosso Sistema Nacional de Inovação amadureça está no fato de que ele tem
uma grande similaridade com um organismo vivo e como eles quando um distúrbio
ocorre todo o conjunto é afetado.
Mas
onde está esse distúrbio? De qual pilar é a culpa? Quem deveria ser queimado na
fogueira? Sinceramente eu não posso dizer que sei, pois não tenho dados que
comprovem minha visão, mas acredito fielmente que o grande problema encontra-se
não em um setor, pois mesmo com suas falhas, que por sinal são muitas, eles
ainda realizam suas funções com louvor a medida do possível. O ponto está na
harmonia entre os três pilares, cada um realiza suas funções de maneira
individual esquecendo de que estão interligados focando de maneira desbalanceada
em seus próprios interesses. O que é normal considerando nossa história, somos
um país relativamente jovem quando comparado ao resto do planeta e ainda
estamos em processo de amadurecimento em inúmeras áreas e no SNI penso que com
o tempo, e com o devido cuidado em seu desenvolvimento, tal processo de
evolução e harmonização acontecerá gradualmente.
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