Nas principais obras de Portinari, encontramos os temas que
frequentemente ele visitava em suas pinturas como as questões sociais, a fauna
e flora. Com certeza, dentre as suas mais de cinco mil obras. A obra "O Lavrador
de Café", 1939, um dos mais importantes trabalhos da arte brasileira.
Nele,
temos um trabalhador negro - típico das fazendas de café do século vinte, com
uma enxada nas mãos e plantações ao fundo. Na pintura, o modelo aparece com os
braços e pés maiores que o resto do corpo, o que demonstra a aproximação de
Portinari com o expressionismo. Essa deformação das figuras era traço marcante
do pintor, representava a sua necessidade de valorizar o trabalhador brasileiro
e, ao mesmo tempo, demonstrar a figura dramática e comovente do negro, marcado
pelo sofrimento do trabalho duro nas fazendas.
Ao
lado do lavrador, no quadro, temos uma árvore decepada, símbolo do desmatamento
que já começara naquela época, extinção da fauna e flora brasileira, da qual
Portinari sempre foi admirador dando a ela, inclusive, espaços em suas mais
variadas obras.
Ao
fundo temos os pés de café, que já estão indo em direção ao local de
escoamento, encontrando-se também com os montes de grãos também ao fundo, o que
denota a superprodução da época, neste sentido, o olhar do lavrador parece ser
também expressivo, como quem compreende o desmatamento, a exploração e a
devastação da flora.
Outra figura que
na obra não passa despercebida é o trem que cruza a lavoura de café, sabe-se
que, na época, o trem era o meio de transporta utilizado para exportação do
café para diversos países, ademais a figura reforça a valorização do
trabalhador rural, que sustenta não somente o país como o mundo por meio da
exportação já presente na época.
Cândido Torquato
Portinari nasceu no dia 29 de dezembro de 1903 em uma fazenda de café, na
cidade de Brodowski, interior de São Paulo.
Filho de italianos, Portinari veio de
uma família humilde e era o segundo filho de doze irmãos.
Mesmo com
formação escolar apenas até o ensino primário, ele participou da elite
intelectual brasileira da década de 1930.
Portinari deixou
São Paulo aos 15 anos e fixou residência no Rio de Janeiro, onde se matricula
na "Escola Nacional de Belas Artes". Aos 20 anos, Cândido já é prestigiado
pela crítica nacional.
Morou em Paris e
outras cidades europeias, onde conheceu artistas como Van Dongen e Othon
Friesz, além de Maria Martinelli, uruguaia com quem se casou e viveu toda a
vida.
Regressou ao
Brasil em 1931 e nessa época passou a valorizar mais as cores em seus
trabalhos, abandonando os conceitos de volume e tridimensionalidade.
Contudo, será
na década de 40 que este processo de reconhecimento irá se consolidar. O pintor
participa da "Mostra de arte latino-americana" no Riverside Museum,
em Nova York.
A primeira exposição de Portinari na Europa será em 1946, quando o
pintor regressa à Paris e expõe na renomada Galerie Charpentier no
ano seguinte, 1947.
A década de
50 marcou a vida de Cândido. Isso porque surgem problemas de saúde causados por
intoxicação de chumbo presente nas tintas que o pintor utilizava em suas obras.
Importante ressaltar que Portinari foi o único artista brasileiro
convidado para exposição 50 Anos de Arte Moderna, no Palais des Beaux
Arts, em Bruxelas, em 1958.
Por fim, em
meados de 1962, Portinari aceita uma encomenda da prefeitura de Barcelona,
contudo, seu nível de intoxicação pelas tintas torna-se fatal e ele falece
neste ano em 06 de fevereiro, aos 58 anos.
Portinari pintou quase cinco mil obras e
conseguiu prestígio nacional e internacional dificilmente igualado no Brasil.
Sua produção
retrata principalmente questões sociais. Algumas vertentes da arte como o
realismo, cubismo, surrealismo e muralismo mexicano serviram de inspiração para
o artista.
Tornou-se renomado ao explorar temáticas brasileiras que incluem a luta
das classes dos trabalhadores nas plantações, favelas e cidades.
Além disso,
produziu obras relacionadas com as lembranças de infância em sua terra natal.
Referencias:
Nenhum comentário:
Postar um comentário